terça-feira, 5 de abril de 2011

PÁSSARO VAGABUNDO

Nunca sei
quando o pássaro vagabundo
entra por minha alma
adentro

mas gosto que chegue
me inquiete
e me diga coisas
que ninguém diz

Depois
agradeço-lhe
ele parte livremente
e fico à espera

à espera
que ele volte










 

DA TERNURA

 



Tive a honra
de falar
com a ternura

perguntei-lhe
onde morava
sem resposta
esperar

E respondeu

por aí
em muitos lugares
até ao relento
na rua

Tive a honra
de falar
com a ternura

e
extasiado
fiquei

O LUGAR DAS MÃOS

Entre o gesto
e a pele
é que as mãos
habitam

O seu lugar
é no corpo
do espanto

na sua nudez

quando
se prolongam
para lá
do infinito



SALVAÇÃO

Da noite
salvo os dias

Há muito
que assim é

Não sei
se é sabedoria

Mas assim é



PAZ

Junto meu braço
ao teu abraço

E em paz 
fico



SURPRESA

Fugi pela janela
encontrei-te
no ar

e
juntos
voámos



INOMINÁVEL

Não sei
o teu nome

Sei
que já
mo
disseste

E sei
que não
o
esqueci

Mas
não sei
o
teu
nome